Após seis meses de vivências literárias, o projeto piloto desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com a Companhia das Letras, chegou à sua fase de culminância. A iniciativa contemplou cinco unidades socioeducativas no país, entre elas o Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Santa Luzia, da Funase — único selecionado no Nordeste. A proposta promoveu rodas de leitura, oficinas e reflexões que reafirmaram o papel da literatura na inclusão e no protagonismo juvenil.
Cultura no Sistema Socioeducativo
Criado para fortalecer a cultura no sistema socioeducativo, o projeto surgiu dentro do Programa Fazendo Justiça (CNJ/PNUD), como resposta aos desafios no acesso à leitura e à formação crítica. A largada foi em 28 de janeiro, quando as socioeducandas receberam os primeiros livros do clube de leitura. Seis títulos foram escolhidos a partir de uma curadoria feita com a editora, com base em formulários respondidos pelas próprias jovens. Ao todo, 150 exemplares foram distribuídos de forma progressiva ao longo dos encontros. Com a conclusão desta etapa, um exemplar de cada obra permanecerá na unidade, e os demais serão encaminhados a outras unidades da Funase, ampliando o alcance do projeto.
Depoimentos e Experiências
Em depoimento, Milena Trajano, gestora do Case Santa Luzia, revelou que “a parceria com o Cria das Letras demonstrou ser fundamental para o desenvolvimento da unidade. O projeto incentivou a leitura entre as jovens, muitas vezes desprovidas desse hábito. Ao chegarem à unidade, elas têm acesso a uma biblioteca e a profissionais dedicados a fomentar o prazer pela leitura, o que, por sua vez, contribui para o aprimoramento de suas habilidades escolares. Trata-se, portanto, de uma iniciativa que enriqueceu significativamente a rotina da unidade, ao mesmo tempo em que valoriza a literatura regional. Respeitando os interesses individuais das jovens, o projeto também promove a difusão da cultura popular local.”
Atividades e Expectativas Futuras
Durante a entrevista, I. E., de 15 anos, comentou sobre a experiência dela no clube: “gostei muito do livro ‘Heroínas Negras’ e, assim, fui aprendendo bastante com isso. Eu espero que ela volte novamente com esses clubes de leitura, porque isso faz bem para a gente aqui na Funase”. As atividades, realizadas semanalmente com leitura orientada por monitores, promoveram debates e também integraram oficinas de xilogravura, pintura de ecobags e outras ações criativas, ampliando o contato das adolescentes com a arte e a cultura. Ao final do ciclo, uma exposição foi montada na própria unidade com as produções realizadas pelas jovens. A expectativa agora é de que todas as unidades socioeducativas da Funase sejam contempladas com o projeto, garantindo a mais adolescentes o acesso à leitura, à reflexão crítica e a espaços de construção de novas narrativas sobre si e sobre o mundo.