Epidemia das doenças crônicas já provoca 6 milhões de mortes nas Américas

por: André Vita

Nas Américas, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são a principal causa de morte e incapacidade. Segundo o relatório NCDs at a Glance 2025 da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), os diagnósticos de cardiopatias, câncer e diabetes aumentaram 43% desde os anos 2000, resultando em 6 milhões de mortes em 2021. Essas doenças respondem por 65% das mortes na região, com quase 40% ocorrendo antes dos 70 anos.

Fatores de risco e principais causas

O crescimento das DCNT está ligado a fatores de risco modificáveis, como tabagismo, má alimentação, sedentarismo e consumo nocivo de álcool. Entre as principais causas de óbitos na região destacam-se:

  • Doenças cardiovasculares — 2,16 milhões de mortes.
  • Câncer — 1,37 milhão de mortes.
  • Diabetes — mais de 420 mil mortes.
  • Doenças respiratórias crônicas — mais de 416 mil mortes.

Situação no Brasil e em Pernambuco

No Brasil, as doenças do coração permanecem como ameaça central. Em Pernambuco, entre janeiro e maio de 2025 foram registradas 3.532 mortes por problemas cardíacos, com maior incidência entre homens (1.964 óbitos) e número expressivo a partir dos 40 anos, concentrando-se entre idosos acima de 80 anos (1.008 mortes). O Estado também registrou 1.470 mortes por acidente vascular cerebral (AVC) no mesmo período e 303 pessoas ficaram com sequelas. Em 2024, Pernambuco havia registrado 3.777 óbitos por AVC.

Projeções e avanço do câncer

Apesar da liderança das doenças cardíacas, o câncer vem avançando e pode assumir o topo do ranking nas próximas décadas. Levantamento do jornal O Globo com dados do Ministério da Saúde mostrou que, em 2024, em 836 cidades brasileiras o câncer matou tanto quanto ou mais que as doenças cardiovasculares; em 606 municípios as mortes oncológicas lideraram. Um estudo publicado na revista The Lancet projeta 18,6 milhões de mortes anuais por câncer até 2050, um aumento de 75% em relação a 2024. Entre 1990 e 2023, os diagnósticos anuais de câncer dobraram, chegando a 18,5 milhões, e as mortes cresceram 74%, alcançando 10,4 milhões.

Prevenção e recomendações

Joel Ladislau, cardiologista da Hapvida, ressalta que a prevenção deve começar cedo. “As doenças cardiovasculares podem ser evitadas com mudanças de hábitos. Alimentação equilibrada, atividade física regular, controle da pressão, do colesterol e do diabetes são fundamentais. Evitar tabaco e excesso de álcool, além de realizar consultas médicas periódicas, também faz toda a diferença”. A nutricionista Michele Arruda destaca a alimentação como peça-chave: “Incentivar frutas, legumes e fibras, rotulagem clara e reduzir ultraprocessados e consumo de sal”.

Conclusão

O cenário reforça a urgência de estratégias integradas de prevenção que combinem políticas públicas, educação em saúde e mudanças no estilo de vida para conter o avanço das doenças crônicas no Brasil e nas Américas. A ação coordenada e a promoção de hábitos saudáveis são essenciais para reduzir mortes evitáveis e melhorar a qualidade de vida.

Posts Relacionados

Deixe um comentário