O conceito de neurodivergência vai muito além de um diagnóstico médico e abrange condições como Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), altas habilidades e superdotação, além de formas singulares de funcionamento cognitivo e emocional. Uma pesquisa do Conselho Federal de Administração (CFA) mostra que, apesar de muitas empresas reconhecerem os benefícios da neurodiversidade, apenas uma em cada dez aborda o tema em programas de inclusão.
Riscos emocionais e vulnerabilidades
Estudos apontam vulnerabilidades elevadas. De acordo com pesquisa divulgada pela comissão da revista The Lancet, em 2020, há riscos aumentados de ansiedade, depressão e suicídio entre pessoas no espectro autista. Pesquisas também identificam sofrimento emocional entre pessoas superdotadas quando suas necessidades não são compreendidas. A Sociedade Brasileira de Pediatria destacou dificuldades de interação social e perfis sensoriais atípicos que podem levar à sobrecarga. “Frequentemente adultos e adolescentes enfrentam barreiras invisíveis que minam sua qualidade de vida, apesar de aparente autonomia”, alerta a psiquiatra Dra. Isla Queiroz Álvares.
Por que a abordagem transdisciplinar importa
Resposta além de tratamentos fragmentados. Álvares defende que a solução não está em somas de intervenções isoladas, mas em modelos transdisciplinares e multimodais, em que profissionais de saúde mental, educação e funcionalidade constroem um plano de cuidado único e compartilhado. A ideia é que o trabalho conjunto crie sinergia, fazendo com que ganhos em uma área potencializem avanços em outra.
Intervenções integradas na prática
Exemplos de colaboração profissional:
- O nutricionista respeita intolerâncias e monta estratégias alimentares seguras.
- O fonoaudiólogo atua nas habilidades de mastigação e sensibilidade oral.
- O terapeuta ocupacional ajusta o ambiente e auxilia na regulação sensorial.
- O psicólogo trabalha a ansiedade social e o bem-estar emocional.
“A equipe atua em conjunto para expandir o repertório alimentar de forma segura, promovendo saúde e inclusão”, exemplifica Álvares.
Evidências e recomendações internacionais
Diretrizes e pesquisas apoiam o modelo integrado. O National Institute for Health and Care Excellence (NICE) recomenda equipes integradas no tratamento do autismo e do TDAH. Uma revisão publicada em Psychiatric Services (2022) concluiu que intervenções multicomponentes tendem a ser mais eficazes para promover inclusão e qualidade de vida do que abordagens isoladas.
Impacto para adolescentes e adultos
Visão centrada na pessoa. Para adolescentes e adultos neurodivergentes, especialmente aqueles com nível 1 de suporte ou altas habilidades, a abordagem transdisciplinar permite serem vistos em sua totalidade, acolhendo vulnerabilidades e estimulando potencialidades. “Esse é um modelo que integra ciência, ética e inclusão, garantindo cuidado centrado na pessoa e não apenas no diagnóstico”, conclui a psiquiatra.
Sobre o IAN
Instituto dedicado à atenção integrada. Inaugurado em 2025 no RioMar Trade Center, em Recife, o IAN é um espaço pioneiro no Brasil para acolhimento e cuidado de adolescentes e jovens adultos neurodivergentes de Nível 1 de suporte, além de pessoas LGBTQIAPN+. Fundado pela psicóloga e neurocientista Geórgia Menezes e pela pediatra e psiquiatra Isla Queiroz, o instituto reúne clínica, pesquisa, educação e apoio à funcionalidade com práticas neuroafirmativas.
Serviços e contatos: atendimento clínico integrado, formação profissional, apoio familiar e estímulo à autonomia. Mais informações em www.institutoian.com.br e no Instagram @ianinstituto.