O que muitos achavam que era somente uma “moda” ou tendência para aparentar ser “cult” se tornou uma necessidade. A conscientização sobre os impactos ambientais da indústria da moda está cada vez maior, e os consumidores estão buscando alternativas mais éticas e responsáveis. Um estudo da Ellen MacArthur Foundation mostra que, globalmente, a indústria da moda é responsável por cerca de 10% das emissões de carbono e consome cerca de 93 bilhões de metros cúbicos de água por ano. No Brasil, isso se reflete especialmente na produção de algodão e na indústria têxtil.
Já existem vários estudos que reforçam que o consumidor está mais consciente sobre o tema, aceita pagar mais por uma peça sustentável e isso gera mais retorno de vendas para as marcas. Por exemplo, uma pesquisa realizada pela C&A Foundation em 2019 mostrou que 86% dos brasileiros gostariam que as marcas de moda fossem mais transparentes sobre suas práticas de produção.
A tendência de consumo consciente no Brasil vem crescendo, principalmente entre os jovens das classes A e B, que buscam consumir de marcas com impacto positivo. No entanto, o preço ainda é uma barreira para muitos consumidores, já que roupas sustentáveis tendem a ser mais caras do que o fast fashion. Reforçando essa tese, uma pesquisa realizada pelo Instituto Akatu apontou que cerca de 50% dos brasileiros já consideram a sustentabilidade um fator importante na hora de escolher uma marca de moda. Mesmo assim, a diferença entre intenção e prática ainda existe, com muitos optando por fast fashion devido ao preço acessível.
“A moda sustentável vai além do uso de materiais ecológicos, ela envolve todo o ciclo de produção, desde o design até o descarte, e isso exige uma mudança profunda na forma como criamos e consumimos moda. Hoje, os consumidores estão cada vez mais atentos às práticas das marcas. Eles querem saber de onde vem as peças que usam e qual impacto elas vão gerar no ambiente. Não é só sobre criar produtos “verdes”, é sobre repensar o modelo de negócio como um todo, as marcas precisam ser transparentes e responsáveis em cada etapa da cadeia produtiva’, explica ressalta o coordenador do curso de Moda do Centro Universitário UniFBV Wyden, Paulo Medeiros.
De acordo com o coordenador, a sustentabilidade na moda não é uma tendência passageira, é uma necessidade. O futuro da moda depende de como vamos nos adaptar a essa nova realidade e criar soluções mais conscientes. Moda sustentável também é sobre valorizar o trabalho humano, respeitar os direitos dos trabalhadores e promover uma produção justa e ética. “Nos meus trabalhos de Mestrado e Doutorado, mostrei que a cocriação pode ser uma poderosa aliada da moda sustentável, pois envolve o consumidor de forma ativa no processo de design e produção”, explica Paulo. “Ao permitir que os usuários influenciam diretamente na criação de peças, as marcas não só atendem a necessidades individuais, mas também reduzem o desperdício, já que produzem sob demanda. Além disso, o uso de tecnologias de fabricação digital, como impressoras 3D e corte a laser, potencializa esse processo ao tornar a produção mais eficiente e menos poluente, contribuindo diretamente para um ciclo de moda mais consciente e sustentável.”, completa o docente.
O professor ainda destacou que a moda sustentável além de gerar menor impacto ambiental porque sua produção busca minimizar os impactos ambientais nos seus processos de produção com o uso de materiais reciclados e biodegradáveis, e redução do desperdício, também é pautada por condições de trabalho justas, sem a exploração da mão de obra barata de países em desenvolvimento e por fim, incentiva um consumo mais consciente e responsável, levando as pessoas a refletirem sobre o impacto de suas escolhas e a valorizar a qualidade em vez da quantidade.