O câncer de pulmão é uma das doenças oncológicas mais mortais no mundo, responsável por cerca de 1,8 milhão de óbitos anuais, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2023, dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimavam o diagnóstico de cerca de 1.320 casos de neoplasias de traqueia, brônquio e pulmão apenas em Pernambuco. A nível nacional, a projeção é que mais de 32 mil pessoas apresentem tumores pulmonares a cada ano até 2025.
“Apesar desse cenário alarmante, a medicina tem dado passos importantes no enfrentamento da doença. O diagnóstico molecular, por exemplo, tem se mostrado uma ferramenta poderosa na identificação de mutações genéticas específicas, permitindo tratamentos mais precisos e personalizados. Com a análise detalhada do perfil molecular dos tumores, conseguimos delinear estratégias de tratamento mais eficazes, o que aumenta significativamente as chances de sucesso terapêutico”, explica Bruno Pacheco, oncologista da Oncoclínicas em Recife.
Além disso, a incorporação de terapias-alvo e imunoterapias tem ampliado as opções terapêuticas disponíveis, oferecendo alternativas além da tradicional quimioterapia e radioterapia. Estas inovações têm potencial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e aumentar as taxas de sobrevida.
Tipos mais comuns de câncer de pulmão e sintomas
Entre os tipos mais comuns, conforme explica Bruno Pacheco, estão o carcinoma de pequenas células e o de não pequenas células. “Este último corresponde a cerca de 85% dos casos e pode ser classificado como carcinoma de grandes células, epidermoide ou adenocarcinoma, que é responsável por aproximadamente 40% dos diagnósticos, sendo o mais frequente tanto no Brasil quanto no mundo”, acrescenta o oncologista.
Com relação aos sintomas, a maioria dos pacientes com câncer de pulmão tende a manifestar problemas que afetam o sistema respiratório, como tosse contínua, dificuldade para respirar e dor no peito. “Também podem surgir sinais menos específicos, como fraqueza e perda de peso, mas que geralmente só aparecem quando a doença já está em um estágio mais avançado, o que torna fundamental a implementação de programas que incentivem a cessação do tabagismo e o rastreamento de grupos de risco, como fumantes e ex-fumantes”, aponta.
O problema dos vapes
Nos últimos anos, um novo vilão tem preocupado especialistas de todo o mundo: os cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como vapes. Muitas vezes promovidos como alternativas menos nocivas ao cigarro tradicional, o aparelho tem conquistado especialmente o público jovem. Apesar de ser proibido no Brasil, um em cada cinco brasileiros com idades entre 18 e 24 anos já experimentou o dispositivo, segundo dados do Ministério da Saúde.
“Embora ainda faltem evidências conclusivas de que a vaporização cause câncer diretamente, os efeitos a curto e médio prazo apontam para sérios riscos à saúde”, afirma o oncologista Bruno Pacheco. De acordo um estudo realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) em 2021, o cigarro eletrônico também aumenta mais de três vezes o risco de experimentação do convencional. Em sua análise, o levantamento reforça que o vape eleva as chances de iniciar o uso do cigarro tradicional para aqueles que nunca fumaram.
Além disso, como explica o especialista, a exposição a outros produtos químicos, como os flavorizantes e solventes usados nos líquidos do dispositivo, pode trazer malefícios que ainda não são completamente compreendidos. “Alguns dos componentes mais preocupantes incluem o formaldeído e o acetaldeído, subprodutos da degradação térmica dos fluidos, ambos conhecidos por serem cancerígenos; o diacetil, um flavorizante que foi associado a doenças pulmonares graves; a nicotina, que muito embora não seja diretamente cancerígena, pode promover a progressão do câncer; e metais pesados, como níquel, chumbo e cádmio”, aponta.
21 dias sem cigarro
Para apoiar na conscientização sobre os riscos do tabagismo, está no ar a campanha Cuidar sem Limites, promovida pela Oncoclínicas&Co, que traz como mensagem central “0% de fumaça é cuidar 100% da saúde”. Com ativações em redes sociais e ambientes físicos, a iniciativa convida fumantes a passarem 21 dias sem consumir cigarros e, assim, sentir os efeitos positivos de uma vida livre do vício. Vale lembrar que parar de fumar pode reverter efeitos nocivos que levam ao câncer, no caso de quem não tem a doença, e também beneficiar amplamente pacientes com tumores de pulmão tanto na resposta ao tratamento quanto na qualidade de vida.
Entenda os benefícios de deixar fumar:
- Em 20 minutos: a pressão arterial e a frequência do pulso voltam ao normal;
- Em 2 horas: não há mais nicotina circulante no sangue;
- Em 8 horas: os níveis de monóxido de carbono no sangue chegam aos valores normais e o nível de oxigênio aumenta;
- Em 24 horas: os pulmões já funcionam melhor, e os brônquios começam a limpar os resíduos deixados pelo fumo;
- Em 48 horas: o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida;
- De 2 semanas a 3 meses: a circulação sanguínea melhora consideravelmente. Caminhar torna-se mais fácil e a função pulmonar melhora em até 30%;
- Em 1 ano: o risco de doenças ligadas a males do coração, como infarto, cai pela metade;
- Em 5 anos: menor risco de acidente vascular cerebral (AVC). O risco de infarto do miocárdio e morte por ataque cardíaco se aproxima daquele de quem nunca fumou;
- Em 10 anos: o risco de sofrer um infarto será igual ao de quem nunca fumou. Redução dos riscos de câncer de boca, garganta, esôfago, bexiga, rim e pâncreas;
- Em 15 anos: o risco de desenvolver câncer de pulmão pode igualar-se aos dos não fumantes.