A mudança no perfil dos jovens brasileiros está impactando significativamente o mercado imobiliário. As novas gerações, como Millenials e Z, possuem diferentes prioridades, valores e hábitos de consumo quando se trata de moradia, o que exige que o setor se adapte para atender às suas demandas. Os apartamentos compactos, também conhecidos como studios, repletos de serviços e facilidades dentro da área comum do empreendimento ou localizados ao redor, se tornaram uma das principais tendências do mercado imobiliário brasileiro nos últimos anos.
De acordo com dados da pesquisa do Índice de Velocidade de Vendas da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi), com informações da pesquisa Brain Inteligência de Mercado, a oferta de apartamentos de um quarto era 10% do que o mercado imobiliário oferecia há 10 anos; hoje esse número é de 25%.
Alguns pontos na mudança desse perfil do novo consumidor chamam a atenção, como por exemplo, a prioridade em experiências de vida e não em bens materiais de muito luxo. Eles optam por viajar mais, conhecer novas culturas e investir em hobbies, e o imóvel tem que estar alinhado com este perfil. A preferência por áreas próximas a serviços, comércio, opções de lazer e transporte público (muitos apartamentos hoje possuem menos vagas porque o público consumidor atualmente é usuário de transporte por aplicativo). Muitos jovens preferem, na hora da compra, investir em um compacto para que, em momento de mudança de vida, possam ter mais liquidez e facilidade na venda do imóvel.
Não podemos esquecer que os jovens valorizam espaços compactos e bem aproveitados, que possibilitem diferentes atividades no mesmo ambiente. A tecnologia é fundamental para os jovens, que buscam imóveis com automação residencial, internet rápida e conectividade. Por fim, a ideia de compartilhar espaços, como coworkings e colivings, também está ganhando força entre os jovens, que valorizam a colaboração e o networking.
Essa mudança geracional impôs ao mercado a criação e lançamento de empreendimentos com um melhor aproveitamento de espaço. A área de convivência das antigas residências era na cozinha, já hoje o investimento é nas salas integradas às varandas, para ganhar mais espaço de interação entre as pessoas. Cada vez mais tem-se buscado ambientes onde as pessoas possam interagir, gerando convivência social. Os grandes salões de festas dos prédios se tornaram espaços gourmet equipados para receber grupos menores. Os serviços integrados, que muitas vezes não davam certo por terem administração feita pelo condomínio, passaram a ser terceirizados, como, por exemplo, selfie markets e lavanderias.
Outra mudança que parece simples, mas que gera um conforto melhor nos empreendimentos, são os espaços para recebimentos de deliveries, alimentos ou compras em geral. Se o prédio não investir em um espaço específico para esse ponto, pode ter certeza que muitos conflitos irão acontecer.
Todos esses comportamentos, comprovados em pesquisas de consumo, mostram a necessidade do setor imobiliário ajustar seus produtos colocados à venda. A mudança constante da sociedade é algo a que todo o setor da construção civil tem que estar bastante atento e ser ágil para atender à necessidade dos clientes.
Roberto Rios, diretor comercial da Construtora Carrilho