De acordo com um novo estudo publicado na revista científica Cancer, até o ano de 2050, novos casos de 28 tipos de câncer e a mortalidade pela doença terão um aumento expressivo entre os homens. A projeção mostra que no período de 28 anos, os casos em pessoas do sexo masculino irão de 10,3 milhões para 19 milhões ao ano, um aumento de 84%. Já as mortes, irão de 5,4 milhões para 10,5 milhões anualmente, o que representa um crescimento de 93%. Entre os tipos de câncer levados em consideração pelo estudo está o de pênis.
A doença já é um problema de saúde pública no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), representa 2% de todos os tipos de neoplasias que acometem os homens brasileiros e, no ano passado, foram registradas 651 amputações parciais ou totais do pênis e 454 mortes. No país, as regiões Norte e Nordeste lideram em número de casos.
De acordo o oncologista Felipe Marinho, da Oncoclínicas em Recife, a prática sexual sem o uso de preservativos é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pênis. Doenças sexualmente transmissíveis, como o HPV, também estão associadas. Além disso, a falta de higiene pode contribuir para o aparecimento de tumores.
“Os principais sinais são feridas, caroços, lesões ou úlceras no pênis, que podem ou não ser dolorosas. Em uma situação mais avançada, o aparecimento de gânglios na região da virilha, que não somem após duas semanas ou sem um fator causal evidente, como uma infecção nas pernas ou nos pés, deve ser investigado”, explica.
Apesar da importância do diagnóstico precoce, pessoas do sexo masculino ainda enfrentam dificuldades para buscar ajuda médica. “A principal barreira é cultural”, explica Marinho. “A associação do pênis à virilidade faz com que muitos homens negligenciem alterações nesta área do corpo. Além disso, a falta de informação e o acesso limitado a serviços de saúde em algumas regiões do país também contribuem para o problema.”
De acordo com o médico, a proteção contra o câncer de pênis está diretamente ligada à prática de sexo seguro, com o uso de preservativos. A circuncisão, embora não seja uma medida preventiva, pode facilitar o diagnóstico precoce, uma vez que permite uma melhor visualização do órgão.
Os principais métodos de tratamento da neoplasia incluem radioterapia, quimioterapia e cirurgia, que é frequentemente a terapia de escolha, variando desde a remoção local do tumor (circuncisão ou excisão) até a penectomia (amputação) parcial ou total do pênis, dependendo da extensão do câncer. A decisão do método depende do estágio da patologia, do tamanho da tumoração e da saúde geral do paciente.
Complementando essas abordagens tradicionais, uma pesquisa inovadora realizada por cientistas brasileiros, apresentada na última edição da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), trouxe novas perspectivas para o tratamento do câncer de pênis. A combinação de imunoterapia e quimioterapia mostrou resultados promissores em reduzir o volume tumoral, oferecendo uma nova esperança para pacientes que enfrentam essa doença desafiadora.