O Brasil descobriu a vocação em sediar grandes eventos e não podemos negar que a cidade do Rio de Janeiro é a mais privilegiada nesse quesito. O destaque, entretanto, não tem sido positivo, a considerar os últimos acontecimentos. Em uma das turnês mais esperadas do ano, o “The Eras Tour”, quando anunciando já possuía mais de 1,5 milhões de dispositivos móveis na fila para compra dos ingressos. Diante da repercussão inicial como também todo o desenrolar das expectativas dos fãs, não seria difícil prever que o show precisaria ser planejado nos mínimos detalhes para garantir conforto e segurança, mas não foi o que se viu.
A proibição de entrada de água em plena onda de calor que bateu recordes de temperatura, fora os relatos de negligência e falta de estrutura, mostram a incapacidade de se mudar a abordagem diante de uma situação que se apresentava de forma emergente. Choramos a morte de uma jovem e nos chocamos em saber de milhares de desmaios. O cancelamento do segundo show da cantora Taylor Swift causou um verdadeiro caos na indústria do turismo, com diversos clientes sem informações e sem orientações claras de como proceder para terem seus direitos respeitados, além de novos episódios de falta de segurança.
Não bastando essa catastrófica situação, no último dia 22 de novembro foi realizado o jogo Brasil e Argentina pelas Eliminatórias da Copa, no Maracanã, com cenas que rodaram o mundo e que envergonham qualquer torcedor. A pancadaria na arquibancada foi amplificada com a chegada de um grupo de policiais mal preparados que distribuiu aleatoriamente o cassetete.
Resumindo, a organização não separou um espaço para a torcida visitante e toda situação saiu do controle, em um ambiente onde estavam mais de 60 mil torcedores. A segurança de grandes eventos precisa ser preventiva e não repressiva para que homens, mulheres e crianças desfrutem apenas de um momento de lazer, e não de um trauma causado pelo descontrole e descaso. Gestão de multidões e manutenção de um ambiente seguro e harmônico é o mínimo que esperamos dos organizadores daqui para frente. Sem mais vergonhas, por favor!
Por Thiago Duch – Especialista em Eventos e professor da Wyden