ARTIGO – Dia Mundial da Alfabetização: um convite à reflexão e à ação

por: Redação

No dia 8 de setembro, celebramos o Dia Mundial da Alfabetização, instituído pela UNESCO em 1967 como reconhecimento de que o passaporte para a cidadania civilizatória e da dignidade humana exigem, inicialmente, o desenvolvimento da autonomia dos sujeitos por meio do domínio das palavras e dos números escritos.

Alfabetizar é a condição adquirida pelas pessoas para codificar e decodificar o sistema de escrita de palavras e números. Já o letramento representa o domínio e uso de distintas linguagens na prática social.

Alfabetizar e letrar tornaram-se, portanto, compromisso de política pública de governos e sociedades para com a humanidade, especialmente um compromisso com a proteção da criança e da infância: alfabetizar é proteger a criança e sua infância, pois ler e escrever significam desvendar o mundo!

O mundo simbólico proporcionado pela arte da palavra e dos números escritos requer, contudo, que seja trabalhado junto à criança com acolhimento, afeto, segurança, criatividade, ludicidade, individualidade, sociabilidade, inclusão e desafios culturais para que, desde muito tenra idade, a criança sinta-se sujeita ativa de aprendizagens significativas e desenvolvam plenamente suas potencialidades cognitivas, socioemocionais, sensório-motoras e ético-morais (neste caso, mesmo que embrionárias como nos ensinou Piaget).

Historicamente, muitas controvérsias e disputas pedagógicas e ideológico-políticas se instalam diante das distintas e variadas propostas de processos pedagógicos de alfabetização e letramento escolares, notadamente em nosso país, com reflexos profundos na rede de proteção das crianças, como sujeitos de direitos à educação.

Em que pese nosso país (na verdade nossa sociedade) ainda necessitar de um consenso social seguro e firme para com as políticas protetivas da criança no que diz respeito aos processos de alfabetização e letramento escolares, muito se avançou no último século, considerando que a intensificação do compromisso constitucional de se alfabetizar se fortalece de fato, no Brasil, a partir dos idos dos anos 1930, com fim da República Velha.

Novas metodologias e concepções pedagógicas, vinculadas especialmente aos conhecimentos desenvolvidos na área da psicologia, filosofia, sociologia e agora a neurociência, além de novas tecnologias, novos conteúdos, novos materiais, novos ambientes de aprendizagens e condições didáticas aperfeiçoadas promoveram um enorme progresso diante da trágica herança de escolarização que marcam nossa sociedade.

A alfabetização e o letramento são basilares para que sujeitos humanos progridam e desenvolvam criticamente suas escolhas existenciais, sociais, de vida, de profissão de fé e principalmente as escolhas no mundo do trabalho, como condições de sobrevivência e reconhecimento social. E neste último, do mundo do trabalho, ambiente no qual se manifestam conjunta e diariamente toda a (in)civilidade dos sujeitos, as eventuais falhas ou sucessos nos trabalhos e processos de alfabetização comparecem de forma decisiva.

Após o processo de alfabetização e letramento, o maior desafio da escolarização consiste na etapa pedagógica e social das escolhas profissionais dos jovens.

Conclamo a todos(as) para que celebrem positivamente e reconheçam que o Dia Mundial da Alfabetização também é o dia do início da tão esperada futura escolha por Profissionalização. Que pais, mães, tutores e a sociedade festejem a alfabetização de seus filhos(as) como um segundo nascimento (renascimento), enquanto eles próprios, mais adiante, farão suas escolhas profissionais no ritual de um terceiro renascimento, quando então, inadiavelmente, seus atributos de alfabetização serão rigorosamente revisitados e exigidos, fazendo-lhes reviver seus melhores momentos com sua primeira e eterna professora!

Por Reginaldo Arthus, professor de Pedagogia da Wyden

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