Foi com uma das turmas inaugurais do primeiro curso de Relações Internacionais (RI), da antiga Faculdade Integrada do Recife, que tive meu contato inicial com este curso que, até então, não sabia nem do que se tratava. Faz tempo, isto foi ainda antes dos anos 2000. Lembro ainda que, em uma seguinte vaga de estágio que tivemos, fiz questão de contratar uma estagiária desse curso, porque queria conhecer essa formação e como estava sendo formado futuro profissional. Desde então me encantei, e poucos anos depois, já na minha área também acadêmica, fui convidado a compor sua equipe de docentes, no lugar da minha ex-chefe, amiga e professora Erika Kovacs.
Foram 11 anos de docência em RI na mesma instituição, chegando a coordenar por alguns anos o curso. Neste período entendi os detalhes da formação, a ampla visão e atuação, as possíveis novas áreas, aquilo que fazíamos aqui e o que ainda não fazíamos. Formamos muita gente boa para o mercado de trabalho. Entendi também a importância deste curso para o mercado e a sociedade atual. Não é apenas o título pomposo de ser internacionalista, embora também seja, mas é a possibilidade de atuação em áreas adjacentes, como comércio exterior, ONGs internacionais, e o que defendo tanto de empreendedorismo internacional.
Cheguei a defender em uma outra Instituição de ensino a abertura de um curso de RI, como mais uma oportunidade de ampliarmos este mercado, e a superintendência se convenceu e abriu o curso em Boa Viagem. Temos ainda uma terceira importante Instituição de ensino, que infelizmente anunciou seu fechamento recentemente, na Zona Norte do Recife, que ainda vem formando excelentes alunos também, até o final de 2025, e projetando-os para boas posições no mercado de trabalho.
Desta maneira, a formação hoje de Relações Internacionais no Recife está em pleno processo de mudança. Ainda com o curso de RI mais antigo no Nordeste; acrescenta-se na sociedade este novo curso na Zona Sul, que ainda está chegando ao segundo ano de existência; mas perde-se aquele de referência na Zona Norte. Ou seja, como será a entrega de novos profissionais para o mercado de trabalho nos próximos dois anos? Preocupado com isto, estamos trabalhando em uma nova possibilidade que será anunciada em breve.
Mas os questionamentos que trago com as preocupações que não são apenas minhas são: – Como dar suporte ao Itamaraty, que tem uma sede aqui em Recife? Como ajudar todo corpo consular, o segundo maior do Brasil? Como fornecer mão de obra qualificada para todas as empresas exportadoras, importadoras, tradings, agentes de carga e despachantes? E as secretarias públicas, quer sejam do Estado ou do Município, que cada vez têm tido um foco internacional? E o movimento de internacionalização das Startups e de nossas tecnologias, encabeçado pelo Porto Digital e por OCCA, em seu programa de “imersão internacional”? Este que será uma residência, com uma convivência do dia a dia, sobre as várias camadas de culturas internacionais, se preparando para uma internacionalização real.
Assim sendo, minha visão é de que é importante a conexão neste momento. A participação de todos interessados direta ou indiretamente na formação deste profissional. É preciso manter a criação da base, dos profissionais, para as projeções que queremos para nossa cidade e no Estado. São eles que dão suporte à manutenção operacional de investimentos internacionais aqui no Estado e que projetam nossa imagem para o mundo. É um trabalho de formiguinha que não pode parar! E não pararemos!
*Gustavo Delgado é Consultor de comércio exterior de internacionalização de empresas, Diretor de OCCA, Diretor de inovação da ABDAEX, Coordenador de MBA em Comércio exterior, Coordenador dos cursos de Gestão da UNIFBV e Mestre em Economia