Muitos não sabem, mas o feriado da Data Magna explica muito a origem do bairrismo do povo pernambucano. O dia seis de março de 1817 marcou o início da Revolução Pernambucana e foi instituído como feriado estadual em 2017, relembrando o estopim do movimento separatista que tornou Pernambuco uma república independente do resto do Brasil colonial por 75 dias, inspirado nos ideais liberais do Iluminismo. Uma data que entrou para a história do País por ter sido o maior movimento revolucionário do período colonial, conseguindo tomar o poder e fundar uma república.
“É mais do que justo celebrarmos esse feriado. A Data Magna é a grande referência ao marco da Revolução Pernambucana de 1817 e foi através dessa revolução que Pernambuco construiu uma república. Tem um peso gigantesco na história do nosso País porque foi o último grande movimento de processo separatista de Portugal antes da independência do Brasil”, explica o professor de História do Colégio CBV, Wellington Estima.
De acordo com o professor, de fato, muito do bairrismo do pernambucano tem origem na Revolução Pernambucana de 1817. “O pernambucano se orgulha do nosso Estado e, inclusive, temos várias brincadeiras sobre esse bairrismo, com nossa mania de ser maior e melhor em tudo. Muito desse orgulho pernambucano tem a ver com esses processos revolucionários. É da Revolução Pernambucana que vem nossa bandeira, com algumas alterações, e representa a força de Pernambuco”, comenta Estima.
A Revolução Pernambucana foi uma resposta de insatisfação à elevada carga tributária e à opressão impostas pelo governo português. O professor lembra que, na época da revolução, o Estado foi constituído como uma pátria. “Chegamos a ter diplomacia e Cruz Cabugá foi enviado aos Estados Unidos. Tudo isso levou essa revolução para um patamar de importância para a História do Brasil”, relembra, citando a ida do revolucionário Antônio Gonçalves da Cruz, conhecido como Cruz Cabugá, para os EUA, para buscar reconhecimento internacional para o governo da república pernambucana e também para adquirir armas e munições para um enfrentamento das tropas do rei Dom João VI.
Na opinião do professor do Colégio CBV, a Revolução Pernambucana tem mais força que a Inconfidência Mineira, ocorrida em Minas Gerais em 1789, que culminou com a morte de Tiradentes, um dos líderes da revolta. “Em sala de aula, costumo dizer que isso não é bairrismo. Do ponto de vista do impacto social, político e econômico, a Revolução Pernambucana tem uma força maior do que a Mineira”. Ele ressalta, inclusive, a retaliação sofrida por Pernambuco devido ao espírito revolucionário: Dom Pedro I retirou parte do território do Estado. Pernambuco perdeu a comarca de Alagoas e, alguns anos mais tarde, as terras que hoje correspondem ao oeste da Bahia (como punição pela Confederação do Equador).
O professor também ressalta que não é coincidência a população de estados que viveram movimentos revolucionários (como a Revolução Pernambucana de 1817, a Conjuração Baiana, a Inconfidência Mineira e a Revolução de 1923 no Rio Grande do Sul) ter uma relação mais forte com seus símbolos e bandeira. “Pernambucano, baiano, mineiro e gaúcho têm essa relação mais fortalecida com seus símbolos e todos esses estados passaram por movimentos assim, que acabaram gestando uma relação mais forte do povo”, avalia.