Por que o final de ano mexe tanto com o emocional das pessoas?

Especialista fala dos desafios de quem enfrenta esse momento com angústia e tristeza

by Redação

As festividades de Natal e Ano Novo, embora celebradas de maneira festiva, podem despertar uma gama complexa de emoções, levando algumas pessoas a experimentarem sentimentos de desesperança, angústia e tristeza. Durante a celebração natalina, elementos como árvores de Natal, presentes, e a figura do Papai Noel permeiam as festividades, muitas vezes enfatizando a importância da família. Contudo, de acordo com a psicóloga e coordenadora de Psicologia da Faculdade Nova Roma, Monaliza Nascimento, essa representação de união familiar pode ser um terreno delicado para aqueles que enfrentam perdas ou desafios familiares.

Além disso, alguns questionamentos comuns ao final de ano podem surgir: Consegui atingir meu objetivo financeiro para este ano? Fui produtiva o suficiente? “Esses questionamentos geralmente são atravessados por pressões sociais, às quais todos os seres humanos estão suscetíveis. Caso o balanço não seja tão favorável, a culpabilização (muitas vezes individual ou até mesmo vinda por terceiros) pode ocasionar tristeza, angústia, desesperança, entre outros”, explica a psicóloga. Por outro lado, para as pessoas que se sentem frustradas e infelizes no final do ano por não terem alcançado os objetivos almejados, segundo Monaliza Nascimento, a virada do ano soa como uma nova oportunidade para conquistar suas metas.

Para quem já convive com transtornos mentais, o período festivo pode ser ainda mais desafiador. “Caso não haja uma relação saudável com as festividades de fim de ano, os sintomas do transtorno mental podem ser intensificados, principalmente se as condições de cuidado com o transtorno forem precárias, ou seja, se não houver acompanhamento psicoterápico e psiquiátrico de qualidade”, explica Monaliza Nascimento.

Ainda segundo a psicóloga, a autocobrança excessiva no final de ano também precisa ser revista. “Se não houve tantas conquistas quanto foi desejado, é necessário acolher-se e compreender as razões que levaram até esse resultado. E se a tristeza e angústia sentidas no final do ano ocasionarem prejuízos consideráveis, ao ponto de atrapalhar as atividades cotidianas e as festividades, é importante buscar ajuda de profissionais da saúde mental através da rede de saúde municipal/estadual de cada cidade. O Centro de Valorização da Vida também pode ser acionado, através do número 188, 24 horas por dia”, reforça.

Depressão sazonal – De acordo com Monaliza Nascimento, nos transtornos depressivos, o padrão sazonal pode ser levado em consideração, visto que o início e a remissão de episódios depressivos podem ocorrer de acordo com determinadas épocas do ano. “É o caso do inverno, por exemplo, em países onde há um inverno rigoroso, seguido de baixas temperaturas e de neve, sobretudo os que vivenciam o Natal e Ano Novo no inverno. No Brasil, as festividades de fim de ano ocorrem no verão, além do fato de vivermos em um país tropical, em que as baixas temperaturas são vivenciadas apenas em um pequeno recorte do país. Assim, é importante não confundir a depressão sazonal com a tristeza e angústia que podem ocorrer em pessoas nas festividades do fim do ano”, explica.

 

 

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