Pesquisas da professora Tanya Chartrand mostram que, quando seus entes queridos estão passando por dificuldades, um pequeno presente pode ser mais eficaz do que uma conversa.
O dinheiro não deveria comprar amor. Mas gastar alguns dólares em um pequeno presente pode ajudar muito um amigo que está passando por um momento difícil. Em uma pesquisa publicada no Journal of Consumer Psychology, a professora Tanya Chartrand, da Duke Fuqua School of Business, descobriu que enviar presentes pode ser mais eficaz do que conversas para alguém que precisa de apoio emocional.
O valor do presente em vez da conversa
“Sempre presumimos que conversar pessoalmente com alguém é o padrão ideal para oferecer apoio a quem está passando por dificuldades. Mas descobrimos que as pessoas podem reagir melhor ao receber um pequeno presente”, disse Chartrand. Pesquisas anteriores da professora e seus colegas de pesquisa já haviam mostrado que aqueles que oferecem apoio muitas vezes escolhem dar presentes para evitar o desconforto das interações presenciais. No entanto, o novo estudo descobriu que até mesmo os beneficiários do apoio podem preferir a empolgação e a consideração envolvidas em receber um pequeno presente.
Um experimento com parceiros reais
Em sete estudos, Chartrand e suas coautoras Holly Howe e Hillary Wiener (ambas ex-alunas de doutorado da Fuqua) recrutaram quase 4.000 participantes para testar se presentes são mais eficazes na recuperação emocional de pessoas que enfrentam desafios. Um dos estudos envolveu 81 duplas reais – na maioria amigos, parceiros românticos ou colegas de classe e trabalho de uma universidade do sudeste dos EUA. “Eram pessoas com laços reais na vida cotidiana”, explicou Chartrand.
Os pesquisadores dividiram aleatoriamente cada dupla entre “quem oferece apoio” e “quem recebe apoio”. Os participantes no papel de receptores de apoio foram instruídos a escrever uma mensagem privada para seus parceiros sobre um problema real para o qual precisavam de suporte emocional. Poderia ser algo como ‘minha mãe está doente’, que o parceiro provavelmente já sabia. Ou poderia ser ‘tenho estado muito estressado no trabalho ultimamente’, algo que talvez ainda não tivesse sido mencionado.
Depois de responderem algumas perguntas para avaliar seu estado emocional, aqueles que ofereciam apoio receberam instruções diferentes: Um grupo deveria passar 5 minutos conversando com o parceiro sobre o problema. O outro grupo recebeu US$ 3 para comprar alguns lanches e enviá-los em uma sacola de presente para o parceiro.
Uma semana depois, os pesquisadores entraram em contato novamente com os receptores de apoio para avaliar seu estado emocional. O estudo revelou que os participantes que receberam presentes tiveram uma recuperação emocional maior do que aqueles que apenas tiveram uma conversa. Além disso, aqueles que receberam lanches também relataram perceber que seus parceiros fizeram um maior sacrifício do que aqueles que apenas conversaram com eles.
Por que presentes são vistos como sacrifício maior?
Por que presentes são vistos como um sacrifício maior do que conversas? Em um estudo complementar conduzido online, os participantes foram convidados a imaginar que haviam sido rejeitados para o emprego dos sonhos e estavam enviando mensagens a um amigo pedindo apoio. O “amigo” na simulação respondia de uma das duas formas: Condição do presente: dizia que não podia conversar no momento, mas que havia pedido um mimo para entrega via Uber Eats. Condição da conversa: dizia que estava ocupado no momento, mas que ligaria depois do trabalho.
Os resultados mostraram que os participantes percebiam os presentes como mais focados no receptor, pois acreditavam que as conversas também beneficiavam quem oferecia o apoio. Outros estudos confirmaram que os presentes eram considerados um maior sacrifício porque eram vistos como um gesto motivado exclusivamente pelo desejo de beneficiar a pessoa que precisava de suporte. Chartrand disse que pode parecer contraintuitivo que presentes sejam vistos como mais altruístas do que apoio presencial, “mas foi exatamente isso que encontramos”. “Um pequeno presente simbólico, como uma vela ou algumas flores, simplesmente diz a alguém que você está pensando nela.”
Os presentes de consolação como oportunidade de marketing
Presentes de ‘consolação’: uma nova oportunidade para o marketing. Até agora, o foco dos profissionais de marketing tem sido presentes para ocasiões comemorativas – aniversários, formaturas, casamentos – em vez de presentes para momentos de consolo, destacou Chartrand. Mas a descoberta de que alguém passando por dificuldades pode achar presentes mais úteis cria novas oportunidades no mercado. “As marcas poderiam educar os consumidores por meio de promoções, destacando o impacto emocional positivo que pequenos presentes podem ter em pessoas que estão enfrentando momentos difíceis”, disse ela. Chartrand revelou que essa pesquisa a fez se sentir menos culpada ao enviar um presente para um amigo em dificuldade. “Antes, eu me sentia mal se não ligasse e passasse um tempo conversando com eles”, disse. “Mas agora não me sinto tão mal ao enviar um presente, sabendo que isso provavelmente melhorará ainda mais o humor deles”, completa.
Esta história não pode ser republicada sem permissão da Fuqua School of Business da Universidade Duke. Por favor, entre em contato com bruno.saviotti@viveiros.com.br para informações adicionais. Para mais informações, acesse o link – https://www.fuqua.duke.edu/duke-fuqua-insights/unique-experiences-racial-minority-employees
Sobre a Duke Fuqua School of Business
A Duke Fuqua School of Business é uma instituição privada localizada em Durham, Carolina do Norte, considerada pela Bloomberg como uma das principais escolas de negócios do mundo. Conquistou grande relevância ao trazer lives e pesquisas sobre temas que antecipam questões da economia mundial, de negócios, das finanças, do marketing, dentre outras temáticas. Com grande renome internacional, tem proporcionado a seus egressos a oportunidade de aperfeiçoamento de suas competências, agregando técnicas e metodologias inovadoras a seus currículos e ampliando sua visão sobre as vantagens competitivas e a carreira no mundo dos negócios.