O cenário de logística e armazenamento de alimentos no Brasil está em constante transformação. Por isso, estar preparado para a percepção das mudanças do mercado e ter a capacidade de rapidamente se adaptar a elas, introduzindo novas rotinas de acordo com as demandas, é uma receita de sucesso nestes tempos de transformação digital. Os supermercados, por exemplo, estão abandonando o formato de grandes lojas e adotando o formato de estabelecimentos de bairro com autoatendimento e varejo com preço de atacado.
À medida que o comportamento do público muda, a prestação de serviços precisa mudar junto, se antecipando sempre. Muitos consumidores migraram para as refeições prontas e de fácil preparo. Além disso, ao longo dos anos, as grandes porções que tomavam conta das despensas deram espaço a quantidades menores, seja pela necessidade do consumo mais consciente ou pela economia. Com isso, os supermercados também diminuíram a sua área física de estoque, com uma reserva menor e uma variedade maior de produtos. A conexão se completa na área de logística e armazenamento adequando-se a volumes de entrega menores e com intervalos reduzidos, pois o produto entregue nas lojas segue imediatamente para as gôndolas de venda. Para seguir esta tendência, a inovação tem que estar no DNA das empresas que trabalham neste segmento.
A preferência pelo consumo de alimentos mais frescos e resfriados vem se estabelecendo na nossa região, onde já se vê maior oferta de produtos resfriados nos supermercados, com a diminuição dos espaços dedicados aos congelados. Todos estes hábitos de consumo precisam de olhares atentos pelos varejistas e prestadores de serviços que integram este elo de mercado, já que interferem em toda a cadeia de logística. Com os ciclos de armazenagem menores e ofertas constantes de novos produtos, os Centros de Distribuição com câmaras frigoríficas reversíveis estão mais aptos a atenderem às novas demandas. O transporte rodoviário só se fortalece no nosso mercado e as operações de crossdocking ditam o ritmo da logística local.
Na cadeia de suprimentos, as palavras-chave são previsibilidade e confiabilidade. Com elas, as empresas podem planejar melhor, fazer previsões com mais precisão e evitar o pânico de estoques em excesso ou insuficientes. A urgência de eliminar o uso de gases refrigerantes que atacam a camada de ozônio também é um caminho sem volta, com iniciativas e investimentos focados no uso de energias renováveis, como a substituição de sistemas de refrigeração mais antigos por opções mais ecológicas. A tecnologia também entra como um diferencial importante, como o emprego de veículos elétricos e drones.
Estes últimos permitem mais segurança e celeridade na realização dos inventários de carga, eliminando as tarefas atreladas ao uso de plataformas elevatórias. Diante dessas transformações, a capacidade de adaptação e a busca por soluções inovadoras são essenciais para as empresas que atuam no setor da logística de alimentos, garantindo a sua competitividade e sustentabilidade neste mercado em constante evolução.
*Cláudio Fernandes é diretor administrativo e sócio-fundador do Grupo Trino.