As férias escolares já começaram para muitas crianças e outras já estão em contagem regressiva. Se por um lado os filhos comemoram a pausa na rotina das aulas, por outro os pais devem ficar atentos sobre como será o uso desse tempo livre, sobretudo em relação às telas, seja de celular, tablet, videogame, streaming ou televisão. “Infelizmente, para alguns, o período das férias é um momento de intensivão de telas e isso é prejudicial, tanto para as crianças como para os adolescentes, que podem retornar às aulas com uma série de problemas e dificuldades, devido ao uso excessivo de telas”, afirma a psicóloga do Colégio CBV, Dayse Souza.
Hoje em dia, é muito difícil pensar numa realidade sem telas para os filhos, pois a tecnologia está muito presente no cotidiano de todos. “O problema não é a tela em si, mas o mal uso que fazemos dela. Os pais devem pensar: o que o meu filho está deixando de fazer enquanto está diante da tela? A principal orientação é monitorar o conteúdo e dosar o tempo de exposição”, adverte Dayse.
Na opinião de Vera Mendonça, também psicóloga do Colégio CBV, os pais realmente precisam estar atentos ao tempo de uso e à qualidade do que os filhos estão consumindo. “Já há estudos que comprovam que existe um prejuízo muito grande no processo do desenvolvimento infantil, dificuldades no processo de aprendizagem, concentração, entre outros, quando ficam muito tempo expostos às telas. Os pais precisam ter bom senso, estipulando o início e o final do tempo de acesso às telas, promovendo outras atividades para as crianças também não ficarem ociosas”, explica Vera.
Ao estabelecer limites de tempo já se cria uma relação mais saudável de uso das telas. “Não se deve esquecer as atividades em família, como fazer refeições todos juntos na mesa, sem celular, sem distrações, interagindo entre si. É necessário também manter as horas de sono regular”. Além de dosar esse tempo, é essencial monitorar o conteúdo ao qual a criança e o adolescente estão sendo expostos. “Os pais têm dois compromissos ao liberar o uso: dosar o tempo e monitorar o conteúdo. Neste ponto vale uma reflexão: a família tem tempo para fazer esse acompanhamento? O conteúdo que estão tendo acesso realmente condiz com a idade dos filhos?”, questiona Dayse.
As duas psicólogas, inclusive, salientam o alto nível de habilidade das crianças nos dias de hoje, de mexer no celular, desbloquear e instalar aplicativos. “Os pais precisam ter consciência que o perigo não está apenas no que diz respeito à pedofilia na internet, mas também conteúdos que não são adequados para as crianças e adolescentes”, comenta Dayse. Ela alerta quando a criança ou adolescente faz uso do celular dos pais. “Criança é muito curiosa e vai querer mexer onde não deve em algum momento, mesmo sem ter noção do que vai encontrar. Eles podem ter acesso a conteúdos de conversas no Whatsapp que não são apropriadas para a idade, e figurinhas/imagens com expressões que não devem aprender”, adverte.
Para minimizar esse problema, as psicólogas do CBV orientam os pais a usarem bloqueadores com senhas de acesso em aplicativos, como whatsapp e redes sociais. “Outra orientação é utilizar apps de monitoramento, caso o filho já possua um celular. Os pais instalam o app e monitoram o que os filhos estão vendo no celular, assim como o tempo de uso. Mas isso não retira a responsabilidade de monitorar de perto”, ensina Dayse.
Como forma de estar mais presente e conseguir monitorar melhor o que os filhos consomem nas telas, as psicólogas do Colégio CBV reforçam a importância de aproveitar as férias para fortalecer os momentos juntos. “Muitas vezes os pais não estão de férias na mesma época dos filhos, mas devem ter em mente a importância de ter momentos de lazer em família, como assistir um filme uma vez na semana em casa. Ou ter um dia para ir ao cinema, para ir a um parque juntos”, sugere Vera Mendonça.
Esses momentos de lazer podem ser até estratégicos para que os pais fiquem mais atentos ao que os filhos estão consumindo nas telas. “Além do cineminha em casa, em família, os pais podem aprender algum jogo virtual que os filhos gostam para jogarem juntos, assistir alguns vídeos do youtuber que eles gostem mais. Isso são formas de os pais participarem mais da vida virtual dos filhos”, orienta Dayse Souza.
Segundo Dayse, é até possível dar mais tempo de tela durante as férias. “Como tudo é mais relaxado nas férias, dormir até tarde, brincar até mais tarde, também é possível liberar mais telas, porém sem exageros. Por exemplo, se a média normal é uma hora por dia, pode deixar até duas horas, sendo uma hora de manhã e outra hora de tarde, deixando claro que essa rotina é apenas para o período das férias. Ao fazer a programação das férias, os pais já podem incluir qual vai ser o tempo e as regras de uso das telas”.
Para finalizar, as psicólogas do Colégio CBV fazem a última orientação: as atividades coletivas físicas não podem ser jamais totalmente substituídas por atividades virtuais. O convívio real precisa ser prioridade sempre. Brincar no parque, ir para a praia, fazer atividades físicas, jogar jogos de mesa e de tabuleiros, tudo isso precisa estar na programação para que as férias sejam, realmente, um período de descanso.
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